O descaso com as estradas e a população de Cavalcante-GO

 O descaso com as estradas e a população de Cavalcante-GO

Este trajeto faz parte da rotina de estudantes descendentes de escravizados, mas a realidade não se limita a adolescentes que desejam estudar



O sol começa a nascer entre as folhas e galhos das árvores nativas do Cerrado brasileiro. Os primeiros raios solares se misturam com uma fina neblina que dança ao amanhecer, com a temperatura em torno de 14°C, por volta das 6h, em junho. O canto das araras é o único som que quebra o silêncio da paisagem bucólica em Cavalcante (GO), um município que abriga parte do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.

Ao alvorecer do paraíso, Antoniel Rodrigues, de 12 anos, e Rebertson Marco dos Santos, de 16, já estão de pé, como de costume, prontos para enfrentar a densa mata. Membros do povoado Vão das Almas, do maior quilombo do Brasil, Kalunga, os dois jovens se preparam para a longa caminhada diária de 7 km. De chinelo, bermuda, camiseta do Flamengo e casaco do Mickey Mouse, os "trilheiros" percorrem esse caminho sozinhos – não por escolha de aventura, como os turistas na região, mas porque precisam ir para a escola.

Este trajeto faz parte da rotina de estudantes descendentes de escravizados, mas a realidade não se limita a adolescentes que desejam estudar. A falta de estradas compromete também o acesso à saúde, a benefícios sociais e viola o direito de ir e vir de um povo que acorda vislumbrando cenas paradisíacas enquanto lida com a falta de infraestrutura básica.

A reportagem percorreu 1.411 km para traçar um panorama da vida de pessoas cujos direitos básicos são violados diariamente, por estarem isoladas no alto das serras e em áreas rurais. São histórias de crianças que percorrem 200 km por dia para chegar à escola mais próxima, trocando o dia pela noite e respirando poeira ao longo do trajeto. Há relatos de gestantes que deram à luz sem qualquer assistência médica, por estarem longe demais para serem atendidas a tempo. O lamento de uma filha que perdeu a mãe, morta no único transporte público para o quilombo: um pau de arara. Histórias de um povo que prova que até mesmo o paraíso é desigual.

Veja a matéria completa no link abaixo:
(https://www.metropoles.com/materias-especiais/paraiso-turistico-cavalcante-trata-com-descaso-quem-depende-de-transporte-publico?fbclid=IwZXh0bgNhZW0CMTEAAR1X0b2O2uhJpPdkMk0ETrDIb9I3E6KW5v2D3WYZ3ZAWIcZQltnyQSynn1M_aem_wrnEYxGQqh2lfXFS8ylS0g)

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