Fim da escala 6x1 é 'bastante prejudicial' ao trabalhador, afirma Campos Neto
Brasília e São Paulo - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, declarou nesta quinta-feira (14) que a proposta de Emenda à Constituição (PEC), apresentada pela deputada federal Érika Hilton (PSOL-SP), para acabar com a escala de trabalho 6x1, poderá prejudicar os trabalhadores. A proposta, que já possui assinaturas suficientes para tramitação, visa modificar o regime de descanso semanal, com impacto direto nas rotinas de trabalho.
Segundo Campos Neto, a medida aumentaria o custo de trabalho e poderia estimular a informalidade e reduzir a produtividade. "A gente precisa continuar avançando essas reformas e entender que, no final das contas, aumentando a obrigação dos empregadores, a gente não melhora os direitos dos trabalhadores", afirmou o presidente do BC em evento realizado em Vitória, Espírito Santo.
Campos Neto defendeu ainda que a reforma trabalhista de 2017 trouxe mais flexibilidade ao mercado de trabalho brasileiro, melhorando as condições de emprego no país. Além disso, ele abordou a importância da autonomia do Banco Central, destacando a estabilidade proporcionada por essa independência para a política monetária e a agenda digital, incluindo avanços como o Pix.
O presidente do BC também falou sobre o cenário inflacionário, mencionando que a inflação global parece estar em uma trajetória de convergência, especialmente nos países desenvolvidos, embora persistam questionamentos sobre a desinflação na América Latina. Campos Neto observou que fatores como o aumento dos preços de alimentos e energia contribuem para a alta inflacionária no Brasil e destacou a recente elevação da taxa básica de juros, de 10,75% para 11,25% ao ano, como medida para conter a inflação.
Campos Neto ressaltou a importância da autonomia do Banco Central, conquista implementada em 2021, e falou sobre inovações em serviços como o Pix, que recentemente incluiu a funcionalidade de pagamento por aproximação. Ele também destacou projetos futuros envolvendo tokenização e a moeda digital Drex, além de avanços na regulamentação de criptoativos e stablecoins.
A proposta de acabar com a escala 6x1 e outras questões trabalhistas deverão seguir em discussão no Congresso, enquanto o Banco Central mantém sua agenda de estabilidade e inovação no sistema financeiro.