Violência sem fim: Goiás soma 56 feminicídios em 2024 e Posse convive com marcas recentes da tragédia


Violência sem fim: Goiás soma 56 feminicídios em 2024 e Posse convive com marcas recentes da tragédia


O Estado de Goiás registrou dois novos casos de feminicídio em menos de uma semana. No total, já são 56 mulheres assassinadas em 2024 vítimas de um crime brutal, que reflete um cenário preocupante de violência de gênero. E aqui em Posse, essa dor tem nome, tem história e deixou marcas profundas.


A cidade ainda sente os impactos emocionais da perda emocional de Jackeline, assassinada pelo ex-companheiro com golpes de faca no início deste ano. Um jovem, que já havia registrado boletins de ocorrência, não teve tempo de ser protegido. Outro caso recente e emblemático é o de Vanessa Soares, que ficou desaparecida por 13 dias até ter seu corpo encontrado. O principal suspeito do crime é o próprio marido.


Esses não são casos isolados. Em Senador Canedo, no último dia 31 de março, a empresária Bruna Raimunda dos Santos, de 31 anos, foi assassinada dentro da própria casa. O autor do crime, seu ex-marido, invadiu a residência, atirou contra ela e ainda tentou matar o atual companheiro da vítima.


Segundo o Ministério das Mulheres, o número de denúncias cresceu em Goiás. A Central 180 teve aumento de 34% nos atendimentos e 26,9% nas denúncias, mas o número de feminicídios permanece o mesmo de 2023: 56 casos confirmados.


A realidade mostra que o denunciante não foi suficiente. Muitas mulheres seguem sem acesso à proteção eficaz, medidas protetivas são ignoradas e o descrédito diante da palavra da vítima ainda é um desafio enfrentado por quem procura ajuda.


De acordo com a advogada Ana Carolina Fleury, especialista em direitos das mulheres, o feminicídio é o assassinato de uma mulher motivada por ódio, desprezo ou violência doméstica, sendo crime hediondo, previsto no Código Penal. Para ela, o maior mecanismo de proteção da mulher é o conhecimento dos seus direitos e o acesso aos recursos disponíveis.


Em Posse, instituições como o CREAS, o Conselho Tutelar e a própria Polícia Civil realizam atendimento e encaminhamentos, mas a demanda é crescente e os recursos muitas vezes limitados.


A advogada destaca ainda que a aplicação efetiva da Lei Maria da Penha é essencial. “Ela é reconhecida internacionalmente, mas precisa ser aplicada por completo, com capacitação dos profissionais, agilidade na concessão de medidas protetivas, e atuação em rede — com o Judiciário, sistema de saúde, assistência social e educação.”


Medidas recentes no país


Em abril, foi sancionada a Lei 14.994/2024, que integra o Pacote Antifeminicídio. Agora, a pena para feminicídio é de 20 a 40 anos — antes, variava entre 12 e 30 anos —, com novas restrições ao agressor, como a perda do poder familiar sobre os filhos e do direito à progressão de pena antes de cumprir 55% do tempo.


A nova lei também prevê que os processos tenham tramitação prioritária, sem cobrança de custos, e que o agressor possa ser transferido de estado se representar risco à vítima sobrevivente.


A luta continua


É urgente fortalecer a rede de apoio às mulheres aqui em Posse, garantir que denúncias não afirmem apenas no papel, e que nenhuma mulher perca a vida por falta de proteção. As mortes de Jackeline, Vanessa e tantas outras não podem ser em vão.


A violência contra a mulher não é uma estatística distante — é uma realidade entre nós.


📞 Se você sofre ou presencia violência contra mulheres, denuncie. Ligue 180 ou procure uma delegacia de Polícia Civil de Posse.

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